quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poesia e cultura no Voz do Sertão

O programa Voz do Sertão está na sua terceira semana na Rádio Folha e já contou com a participação de vários poetas que enriquecem a nossa cultura nordestina. Guriatã do Norte, Santinha Maurício e Sebastião Barreto improvisaram ao vivo na rádio semana passada.




Hoje, 30/09 recebi a visita de Joselito Nunes, Júnior do Bode, Luís Homero, Miguel Marcondes, Luís Gondim e Marcelo Coelho. Joselito veio especialmente divulgar o espaço CARIRI E PAJEÚ - Armazém Cultural que estará na Bienal do Livro a partir do dia 02 até 12 de outubro no Centro de Convenções/Olinda.PE.





Convidados: Joselito Nunes, Miguel Marcondes, Luís Homero e Júnior do Bode

Será uma grande comemoração da cultura nordestina. Segue aqui a programação, clique e confira:


Estarei na Bienal no dia 07 de outubro, às 17h, relançando o livro Voz do Sertão - um desafio no repente, Ed. Bagaço. No momento teremos a participação de Guriatã do Norte e Santinha Maurício e do poeta Luís Gondim, além da exibição do documentário "Viver de Repente", sobre Otacílio Batista. Todos estão convidados.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Especial para o programa


EDMILSON FERREIRA


O cantador Edmilson Ferreira foi convidado e gravou vinhetas exclusivas para o programa Voz do Sertão. Ficaram lindas e a cara do programa. A abertura foi cantada em um Martelo Miudinho:


"Quando a Voz do Sertão chega cantando
enobrece a cultura brasileira
vai ao ar de segunda a sexta-feira
Com Roberta Clarissa no comando
A Fundarpe assintindo e apoiando
e o ouvinte escutando com carinho
dos maiores poetas ouve o pinho
de embolada, e aboio faz escolha
É a Voz do Sertão na Rádio Folha
nos dez pés de martelo miudinho."
Obrigada Edmilson!
Conheça mais sobre o poeta no site da dupla Antônio Lisboa e Edmilson Ferreira

domingo, 20 de setembro de 2009

Aniversário ao som da viola

No domingo, 20/o9, foi aniversário do repentista Caetano. Com muito som de viola, amantes da cantoria estiveram em sua residência no Jordão Baixo para cantar parabéns e desejar feliz aniversário.


Quando a cantoria começou:



Sebastião Barreto e Rouxinol Pereira



Guriatã do Norte e João Marcolino



Luís Gondim e Jeguedé



Guriatã e Caetano

A hora do parabéns
Aluísio de França e Pedro da Viola













O sol foi descansar e a viola continuou...













segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Voz do Sertão na Rádio Folha FM 96,7



É hoje!!!!!!!!!!!! Que o encanto dos poetas e a emoção que sinto quando escuto o som da viola me abençoem para que, com a humildade de sempre, através do programa a voz do violeiros seja reverenciada através das ondas do rádio.

Uma correção sobre a matéria: Eu sou recifense... meu pai, minha avó nasceram em São José do Egito, e eu quando pequena fui levada para lá e batizada na igreja matriz de SJE. Meus padrinhos...Margarida e Carrapincho! Tinha que ter alma sertaneja...

Obrigada a Edmilson Ferreira por ter colocado o seu talento no programa Voz do Sertão, é uma honra!!!

Abraços

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Momento Cultural de Saulo Gomes recebe Roberta Clarissa

O poeta, radialista e admirador da poesia nordestina Saulo Gomes recebeu a jornalista e radialista Roberta Clarissa hoje, 11 de setembro, em seu programa Momento Cultural na Rádio Folha.
O clima de descontração e poesia contou com a presença da radialista da emissora Lina Fernandes. O mote da entrevista foi a estréia do Voz do Sertão na Rádio Folha FM 96,7 na próxima segunda-feira ao meio-dia.
Poesias, declamações e cantoria não faltaram nessa primeira participação na rádio. Que Deus abençõe a estréia dia 14.






Lina Fernandes e Roberta Clarissa


Roberta Clarissa e Saulo Gomes





Quer ir mais eu vamos, quer ir mais eu 'vambora'

Na quarta-feira 09, (com a rádio no ar) o programa Voz do Sertão se despediu da Rádio Universitária AM. O coordenador de programação Profº Lucivânio Jatobá participou da despedida com uma afetuosa declaração em relação à cantoria de viola e ao programa. O parceiro do programa Luís Gondim recitou poemas em homenagem também.

Luís Gondim e o Profº Lucivânio Jatobá


Estúdio da Rádio Universitária

Profº Lucivânio e Roberta Clarissa







quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Despedida do programa Voz do Sertão na Rádio Universitária AM

"Em novo endereço agora
A gente vai se encontrar
Será pouca a demora
Pra finalmente chegar
Esse dia que promete
É a frequência - não esqueço.
Pra escutar mais poesia,
A gente se vê no dia
Catorze em novo endereço.
(Por Luís Gondim)
*
Programa Voz do Sertão na Rádio Folha FM(96,7), das 12h às 13h, de segunda a sexta-feira. Patrocínio: FUNDARPE.










Guriatã do Norte, Roberta Clarissa e Edmilson Ferreira


Poeta Jeguedé, Ronaldo Aboiador e Guriatã


Ouvintes e Santinha Maurício



Foi ontem(08/09) a despedida do programa Voz do Sertão na Rádio Universitária AM. O mesmo programa estréia na Rádio Folha FM 96.7 com apoio da FUNDARPE na próxima segunda-feira, 14.

Mas a comemoração foi bem peculiar, o último programa não foi ao ar porque a rádio estava fora do ar!!! Coisas da Rádio Universitária... Porém lá estavámos nós, eu , amigos-ouvintes, poetas e nossa paixão por poesia, uma roda de amigos declamando e saboreando canjica, bolo de chocolate, salgadinhos e versos declamados. Confira as fotos. Abraços para todos que compareceram!!!!










segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Voz do Sertão em Moreno-PE







Roberta Clarissa participou do programa Versos e Cantos do poeta Gaguinho Aboiador na última sexta, 14. O programa é transmitido pela Rádio Difusora de Moreno e abrange toda a cidade. Como é de costume inúmeros ouvintes compareceram e alegraram a apresentação que foi das 16h até 18h20 com poesia, entrevistas, aboio e forró autêntico. Agradeço aqui a todos os ouvintes que se deslocaram de suas casas e foram conferir o programa ao vivo e a cores!!! Moreno fica há 28KM do Recife e tem uma população aproximada de 56 mil habitantes.













sábado, 8 de agosto de 2009

Família Voz do Sertão

Uma característica do programa radiofônico Voz do Sertão é a participação assídua dos ouvintes pelo telefone. Um deles, Edvaldo Guerra, sugeriu que o programa e todos os seus fãs formam uma famíla: "Família Voz do Sertão". A partir daí, o poeta Luis Gondim pegou o mote e fez essa bela poesia:

Família Voz do Sertão

Quem gosta de poesia
O seu caminho não erra
E o Edvaldo Guerra
Homem de mente sadia
Por gostar de cantoria
De repente, de canção
Do fundo do coração
Com muito orgulho revela:
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Como Edvaldo tem
Tanta gente que ama a arte
Afirmando: eu faço parte
Dessa família também!
E como eu quero bem
A boa improvisação
Trago a mesma afirmação
Na minha rima singela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Nem precisa ser parente
Ser irmão, primo nem prima
Só basta gostar de rima
E dos versos de repente
Que fabrica a boa mente
Do poeta, nosso irmão
Enquanto tem cidadão
Desta famíla ou daquela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

O encontro que acontece
Desta família distinta
É de terça-feira a quinta
Na hora que anoitece
Um novo membro aparece
E aos outros dá a mão
Depois diz com emoção
Estando no seio dela:
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Seis horas com alegria
Temos uma mesa posta
Com tudo que a gente gosta
Muito verso e cantoria
O café que mãe fazia
A gente toma com pão
E nesta reunião
Jantamos à luz de vela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Da família, a poesia
É a grande matriarca
A sua presença marca
Cada membro com alegria
Sua genealogia
Contém muita inspiração
É grande a satisfação
De pertencer hoje a ela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

A família reunida
Sempre no mesmo horário
Lembra o aniversário
De uma pessoa querida
Uma canção é ouvida
Para comemoração
E desta grande emoção
Compartilha a parentela
Eu faço parte da bela
Famíla Voz do Sertão

Dedicando um poema
Fortalecemos os laços
mandando nossos abraços
Pedindo o nosso tema
Eu dou um telefonema
Recebo muita atenção
Nossa comunicação
A poesia é quem sela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Nesse horário especial
Quando estamos reunidos
Fazemos nossos pedidos
Com alegria total
Do começo ao final
Esqueço a televisão
Na nossa reunião
Ninguém lembra da novela
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão

Pra quem quer participar
Deixamos a porta aberta
É só falar com Roberta
E ela vai lhe registrar
E você vai caminhar
Com esse registro na mão
Dizendo, a partir de então
Com documento e chancela:
Eu faço parte da bela
Família Voz do Sertão.

Por Luis Gondim



quarta-feira, 29 de julho de 2009

Poesias no Voz do Sertão


Roberta Clarissa(em frente ao microfone) e ouvintes do programa


Poeta Luis Gondim


Jeguedé e Santinha Maurício


No Voz do Sertão de hoje(29/07) vários ouvintes vieram ouvir e assistir o programa no estúdio da Rádio Universitária(Recife.PE). O poeta Jeguedé, que não é cantador profissional, mas que tem belos trabalhos escritos enfrentou pela primeira vez um duelo com a repentista Santinha Maurício. Ela que tem 40 anos de carreira cantou sextilhas, motes e alguns pedidos dos ouvintes.
O poeta Luis Gondim, natural de Sertânia, compareceu ao encontro e participou do programa recitando seu mais recente trabalho entitulado "Família Voz do Sertão", tema que foi sugerido pelo ouvinte Edvaldo Guerra, da Torre. Ao final do programa comemos fatias do "Bolo da Fortuna" trazido pela ouvinte Zeneide, a danadinha do frevo, uma festa só.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cantoria no Bar do Paulo



Serviço: Cantoria com Ivanildo Vila Nova e Raimundo Caetano
Onde: Bar do Paulo, rua Visconde de Parnaíba, nº 22(ao Lado da Chesf) em San Martin - Recife.PE
Quando: Sábado, 25 de Julho de 2009, às 21h

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cantoria no Bar do Paulo foi adiada

A cantoria que iria acontecer amanhã(16 de julho) no Bar do Paulo foi adiada e será realizada no final do mês. Ainda sem data certa aguardamos a confirmação dos poetas para informar a você.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Zé Limeira, poeta do absurdo






O livro "Zé Limeira, poeta do absurdo" de Orlando Tejo foi publicado em 1970. Tejo descreve a irreverência de um cantador de viola que conseguia fazer uma estrofe ao avesso. Se Zé Limeira existiu como o livro descreve é outra história. O bom é o divertimento que as estrofes ditas da autoria de Zé Limeira proporcionam. Ele era inventivo. Criou palavras, seguia todas as regras de rima e metrificação e fugia(bem longe) do assunto. Pinto do Monteiro disse certa vez:

"Nesses dias vou fazer
Como o nosso Zé Limeira
Comprar uns óculos escuros
Desses de tolda de feira,
Botar o bicho na cara,
Sair cantando besteira."

Com o saudoso José Vicente da Paraíba recebeu esse belo mote:


"São frios, são glaciais
os ventos da solidão."

Zé Vicente obedecendo o assunto disse:


"Quando se sente saudade
Duma pessoa querida,
Dá-se um vazio na vida
E doi esta soledade...
Ninguém suporta a metade
Da dor do meu coração,
Lembrando o aceno de mão
Do amor que não voltou mais...
São frios, são glaciais,
os ventos da solidão"

Já Zé Limeira com seu surrealismo improvisou:

"Conheço a curva do vento
No calô da maresia
Quando amanheceu o dia
Fui acordá o jumento
O mocotó de São Bento,
Espora, freio e gibão...
Por trás do Monte Simão
Residia Ferrabraz...
São frios, são glaciais,
Os ventos da solidão"

Mergulhando no mundo limeiriano, fiz um convite aos poetas Jeguedé e Luis Gondim para fazerem versos inspirados em Zé Limeira. Semana que vem eles irão recitá-los no programa Voz do Sertão e irei colocar aqui para você conferir.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sebastião da Silva e Valdir Teles


(Sebastião da Silva, Roberta Clarissa e Valdir Teles)


Quando você começa a entrar no universo da cantoria de viola, o caminho mais certo de chegar é a paixão pela arte dos repentistas. E fazer de improviso é fabuloso. A arte da cantoria é ainda mais impressionante porque consegue, de improviso, se encaixar em tantas regras para construção do verso.
Levar o som da viola nordestina pelas ondas do rádio é uma maneira também de criar uma memória fonográfica que antes, no passado, era impossível de se construir, e que apesar da gravação ser o avesso da arte feita na hora, porque é gravada, abre a oportunidade de se ter sucessos dentro da produção poética da cantoria. Tantos versos se perderam pelo ar, feitos de improviso ao rebento da inspiração, agora os cantadores têm facilidades de gravar, alguns prezando pela qualidade e outros nem tanto. Os trabalhos gravados pelos cantadores se tornam sucesso no programa Voz do Sertão, e são exigidos pelos ouvintes que participam através de telefonemas. Alguns sem saber qual o tema ou o mote, cantam algumas estrofes ao telefone e querem ouvir inúmeras vezes durante a programação.
O tema "Casa Velha" em sextilhas é um exemplo(em algumas gravações era intitulada " Lembranças da minha Terra"). Feita pela dupla Sebastião da Silva e Valdir Teles é uma das faixas mais pedidas pelos ouvintes. Fala sobre a dor e a saudade de se retornar ao lugar onde cresceu e que tudo ali está diferente. É um tema recorrente porque fala de saudade e este sentimento está sempre presente. O poeta potiguar Zé Cardoso disse com o mesmo tema:
*
"Fui visitar o sertão
que nasci e me criei
achei tudo diferente
por três minutos pensei
ao invés de cantar alegre
senti saudade e chorei."
*
Há ouvintes que ligam emocionados porque se transportam para as imagens que os cantadores desenham, ou porque a voz do cantador é também a voz de quem está no pé do rádio cheio de lembranças no peito. É por isso e muito mais que a cantoria nunca vai virar moda, porque moda passa. Você pode escutar as sextilhas, é só acessar a janela no lado direito da tela.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Raimundo Caetano e Ivanildo Vila Nova


A dupla de repentistas Raimundo Caetano e Ivanildo Vila Nova esteve ontem(29/06) na Casa da Cultura. A cantoria teve início às 17h, dentro da programação dos festejos juninos. Raimundo é paraibano de Cuité e Ivanildo é da cidade de Caruaru, no agreste pernambucano. O evento não teve uma platéia numerosa, porém os que foram prestigiá-los não arredaram o pé até o final do embate. A dupla atendeu os pedidos do público, motes em sete e dez e algumas modalidades da cantoria como Treze por Doze, Segure o remo e Sete Linhas.
A próxima cantoria com a dupla aqui no Recife será no dia 16 de julho em San Martin, no Bar do Paulo.
Serviço:
Cantoria com Ivanildo Vila Nova e Raimundo Caetano
Dia: 16 de julho, às 20h30
Local: Bar do Paulo
Rua Visconde de Parnaíba, nº 22, San Martin(ao lado da Chesf)
A cantoria será de pé de parede e todos estão convidados.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

"Poeta é aquele que tira de onde não tem, e bota onde não cabe." Pinto do Monteiro

Já dizia o sábio repentista Pinto do Monteiro: "Poeta é aquele que tira de onde não tem, e bota onde não cabe", a frase ilustra uma situação engraçada. Clarissinha, minha filha, hoje com 9 anos, me acompanha às vezes na rádio. Ela adora desenhar, então sempre que eu recebia um convidado, e ela por lá estava, presenteava-o com um desenho. O poeta Jeguedé, grande poeta, recebeu o desenho acima e logo escreveu:

"Vai a galinha correndo
Vai a lagartixa andando
O sol está clareando
O chocolate eu pretendo
O bode aparecendo
Lá no meio da campina
O dedo aponta e ensina
O caminho da casinha
Onde mora Clarissinha
Aquele amor de menina."

Por Jeguedé
(Histórias do livro "Voz do Sertão- um desafio no repente".)

domingo, 21 de junho de 2009

Viva Rogaciano Leite!!!!

ROGACIANO LEITE

Uma das estrofes mais repetidas no universo da poesia popular foi escrita por Rogaciano Leite, em Setembro de 1950.


"Senhores críticos, basta!
Deixai-me passar sem pejo,
Que o trovador sertanejo
Vai seu pinho dedilhar...
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores
-Sou do Pajeú das Flores
Tenho razão de cantar!

Essa estrofe inicia o poema "Aos Críticos"(no total são 16 estrofes), escrito quando o poeta estava no Rio de Janeiro e publicado no livro "Carne e Alma". Há uma controvérsia em relação a sua terra natal. Particularmente não compartilho desta discussão. Se ele é pernambucano de Itapetim ou de São José do Egito, tanto faz. Mas a verdade é que ele nasceu em junho de 1920 no Sítio Cacimba Nova, nas Umburanas, hoje pertencente a Itapetim, mas quando ele nasceu pertencia a São José do Egito, então pela obviedade em seu registro ele é egipsiense. Morreu no dia 7 de outubro de 1969 no Rio, seu corpo foi levado ao Ceará, onde foi enterrado em Fortaleza cidade em que viveu.

Meu bisavô paterno Juvino Leite foi irmão da mãe de Rogaciano, o que me faz ser pela árvore geneálogica prima em terceiro grau do poeta. E foi das histórias contadas por minha avó Nemésia Leite, sua prima legítima, que tive as primeiras impressões desse poeta malassombrado - que é como a gente chama os talentosos poetas do sertão. Acho inclusive um descaso um poeta do porte de Rogaciano ser praticamente desconhecido no seu Estado.

Com uma inquieta crítica às diferenças sociais Rogaciano deu voz ao grito do povo, ao escrever "Aos trabalhadores", em 1943. Um trecho:

"Trabalhar! Que o trabalho é sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!

Mas não vale o trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes
Porque em vez de dar frutos dúlcidos, sublimes,
Gera bargos mortais e de sabor amargo!"

Em sua viagem a Europa na década de 60, Rogaciano deixou fincado um pouco do seu talento em um monumento na Rússia, o poema acima "Aos trabalhadores", na praça de Moscou.

O escritor baiano Jorge Amado, ao ver uma apresentação do poeta disse: "Versos que seriam dignos da pena de Castro Alves!". E era como Rogaciano era comparado, inclusive pelo porte físico e pelas madeixas negras.

De cantador de viola a jornalista premiado, recebeu o prêmio ESSO pela reportagem "Amazônia", foi bancário e formou-se também em Direito. Soube passear pelos improvisos ao som da viola e pelas mais variadas formas de versos, do soneto aos motes e até composições, é de sua autoria a canção "Cabelos Cor de Prata", em parceria com Sílvio Caldas.

Em 1948 Rogaciano trouxe o primeiro festival de cantoria para dentro de um teatro, foi no Teatro de Santa Isabel que ele e Ariano Suassuna abriram as portas para a cantoria de viola, até então distante dos palcos teatrais.

O repentista Valdir Teles acertou ao escolher o "Poema da Minha Terra" da autoria de Rogaciano para gravar em seu CD Cancioneiros do Povo, dele e do também repentista João Lourenço. Para ser sincera me emociona demais...é a voz do pajeuzeiro Valdir com as sensações impressas de Rogaciano em suas lembranças.

Em suas apresentações em Manaus, Rogaciano confirmou seu talento e a crítica da época se curvou ao seu encanto. Reescrevo aqui as palavras do jornalista Kedeniro Teixeira, Diário da Tarde, da capital amazonense:

"...O recital de Rogaciano Leite, esse príncipe da poesia nordestina, trouxe aos ouvidos de quantos ali se achavam, pela variedade de sentimentos altamente patrióticos, pela beleza e perfeição, um deleite maravilhoso como se uma acusma de mistérios imateriais o acompanhasse, e por trás da cortina azul-celeste da ribalta o instruísse a fim de criar em nós um abismo profundo da dúvida entre as pérfidas escarpas da mistificação".(1948)

Viva Rogaciano! 30 de junho aniversário do poeta, se estivesse vivo seriam 89 anos de poesia.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Poeta João Paraibano


O repentista João Paraibano, nascido na cidade de Princesa Isabel na Paraíba, é dono de um talento indiscutível.
Com a viola em punho ele é capaz de desenhar quadros poéticos da mais bela inspiração. Seu parceiro de cantoria Sebastião da Silva fez uma sextilha em que disse:


"É de Princesa Isabel
este vate popular;
pode ser príncipe dos versos
que Princesa é seu lugar
quem é filho de princesa
é príncipe onde chegar. "


A foto acima foi tirada no Festival de Paulista(PE), evento que eu apresentei a convite do organizador e apologista Amaro Poeta. Em uma cantoria de pé de parede no Recife, João cantava com Raimundo Nonato. Pediram o mote:
"O chuva levou a cama,
que o sapo dormia nela."

Anotei essa estrofe feita de improviso por João Paraibano, está registrado no meu livro "Voz do Sertão, um desafio no repente."(Ed. Bagaço)

"O nevoeiro escurece
Quando a terra vem surgindo
Vê-se relâmpago se abrindo
Com raio em forma de S
O maxixe sobe e desce
Da quentura da panela
Leite abarrota a tigela
Fora o que o bezerro mama
A chuva levou a cama
Que o sapo dormia nela."









sexta-feira, 12 de junho de 2009

Homenagem por Luís Gondim


O programa Voz do Sertão deve sair da Rádio Universitária nas próximas semanas e ser transmitido pela Rádio Folha FM(96.7) em novo horário, e com apoio da FUNDARPE. Com este tema, o poeta de Sertânia Luís Gondim presta uma homenagem com o mote:
"Meio-dia ou seis horas, tanto faz;
ouvirei meu programa preferido".




Do programa que amo, eu sigo o rumo
Às seis horas eu sempre o escutei
Com esse horário eu me acostumei
Mas com esse que vem me acostumo
Com certeza eu só me desaprumo
Se ficar sem ouvir no meu ouvido
O martelo, o mourão, queixo-caído
E o que é que me falta fazer mais
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
No começo da tarde ou no final
De Roberta o programa me convém
Se em hora mais fria ele faz bem
Em horário mais quente não faz mal
Não importa o horário, afinal
Sendo frio ou sendo aquecido
Será sempre por mim bem recebido
Reclamar, não reclamo, isso jamais
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Desse novo horário eu já sei tudo
Anotei numa folha de papel
Se o horário não pode ser fiel
Ele pode mudar, mas eu não mudo
E nem quero que mude o conteúdo
Que o Voz do Sertão tem nos trazido
O horário eu aceito ser mexido
Mas aquilo que eu ouço eu quero em paz
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Uma coisa somente o peito teme
É perder do programa o endereço
Pra ouvi-lo eu pago qualquer preço
Sem ouvi-lo, de dor, o peito geme
Quando um dia ele for pra FM
Com certeza por mim será seguido
E mudar seu horário é perdido
Para onde seguir eu sigo atrás
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
O meu plano eu fiz pra enfrentar
A mudança do horário do programa
De manhã, ao deixar a minha cama
E de casa sair pra trabalhar
Vou fazer o seguinte, vou levar
Meu radinho comigo escondido
E assim preparado e prevenido
O problema de horário se desfaz
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Desde que não me falte poesia
Com horário nenhum me aborreço
No pezinho do rádio eu permaneço
Tendo a lua ou o sol por companhia
Eu espero a chegada desse dia
Sem ficar nem um pouco aborrecido
Alterar do programa o seu sentido
A mudança de horário é incapaz
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Sou capaz de mudar minha rotina
De fazer tudo quanto for preciso
Só não posso ficar sem o improviso
Que o Voz do Sertão nos descortina
Quando toca a viola nordestina
O programa eu acho parecido
Com uma nuvem que sempre tem chovido
Um dilúvio de rimas naturais
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Quando enfim a mudança acontecer
No horário a mesma alegria
Eu terei de estar na companhia
Do programa sentindo igual prazer
Como sempre, pedidos vou fazer
E depois eu escuto meu pedido
Em estrofes de verso bem medido
Em sextilha, em galope, em Pai Tomás
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido
*
Mas existe uma compensação
Gostei dela de incrível maneira
O que era de terça a quinta-feira
Não será com esse novo horário não
Mais dois dias com o Voz do Sertão
É um presente que está garantido
Se com três o programa é tão querido
Imagine com dois dias a mais
Meio-dia ou seis horas, tanto faz
Ouvirei meu programa preferido.
Por Luís Gondim

O novo horário será das 12h às 13h, diariamente.


quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lançamento do livro Voz do Sertão




Como começar? Bem, nada melhor do que compartilhar bons momentos. Aqui registro o lançamento do meu primeiro livro, "Voz do sertão - um desafio no repente", Ed. Bagaço. Foi numa manhã de Dezembro no Pátio de São Pedro, com a presença de inúmeros ouvintes.




Esta é a foto do sítio Boa Vista em São José do Egito - PE, que pertenceu a minha avó paterna Nemésia Leite. Tantos momentos da minha infância nessa terra...

(Capa design Paulo Rocha)


Quando o sítio foi vendido me doeu tanto, tantas lembranças fincadas naquele chão, minha avó já morando no Recife(hoje com 88 anos) tirou a foto da parede porque não aguentava de tristeza.
Foi aí que fiz o mote: "A porteira do sítio onde eu morava, se fechou nas lembranças do passado", era tudo o que eu sentia. Mostrei a Ivanildo Vila Nova e ele me convidou para fazer uma parceria. O resultado está gravado no CD "Águia do Improviso- 60 Anos" , Ivanildo Vila Nova e Raimundo Caetano.


Voltando ao lançamento...



O livro conta a trajetória do programa de rádio Voz do Sertão, que comecei quando ainda era estudante de Rádio e TV na Universidade Federal de Pernambuco, a partir daí é uma longa caminhada, 8 anos atrás... outra parte do livro traz entrevistas que foram realizadas ao longo desses anos, tem Zé Vicente da Paraíba, Ivanildo Vila Nova, Geraldo Amâncio, Sebastião Dias, Antônio Lisboa, Chico Pedrosa e por aí vai... Há fotos de vários festivais e muitos versos. O prefácio é do jornalista e crítico de música do Jornal do Commercio José Teles.


O evento teve a presença de Santinha Maurício, José Balbino, Adélio Ricardo, Ronaldo Aboiador, Antônio Aboiador, Sebastião Barreto, Luis Gondim, Jeguedé e o o caboclo sonhador Maciel Melo.


(Ouvintes do programa no lançamento) (Roberta autografando, ao fundo Maciel Melo e Ronaldo Aboiador)




(Pátio de São Pedro, 06 de Dezembro de 2008)

Você pode ouvir o programa pelo site http://www.tvu.ufpe.br/ ( AM ao vivo), terças, quartas e quintas, das 18 às 19 h.