quarta-feira, 27 de maio de 2015

Adiel Luna - Baionada

Faz tempo que não venho aqui, esse espaço que guarda parte da história do programa Voz do Sertão, e para não calar a voz poética do improviso, compartilho aqui um vídeo belo do Adiel Luna, poeta e músico, filho de repentista, que com muito talento abraça a viola dos cantadores e solta no palco um monte de versos da melhor qualidade, vamos ver?


domingo, 17 de agosto de 2014

Versos ao Voz do Sertão

Uma Voz que soou durante 10 anos nas ondas radiofônicas não se cala, pode se ausentar mas fica no peito de cada ouvinte que dedicou seu precioso tempo na escuta, na amizade, na torcida e na inspiração. O programa Voz do Sertão marcou uma época em que o verso era o motivo, a poesia a cadência e a viola a rainha.

Pude, através da minha profissão, encabeçar esse projeto que me deu muitos momentos de alegria, mas como assim mesmo vem o poeta e diz: "Tudo passa, na vida tudo passa." Amigos/poetas ficam e um deles foi peça fundamental nessa história e até hoje faz a diferença, mais estrofes em homenagem à este capítulo pela caneta de Luis Gondim e, desta vez, em parceria com o amigo Marcone.
KM - Karlos Marcone; LG - Luís Gondim.

KM
Quando cai o entardecer
Começa nosso programa
Da Roberta que tem fama
E alegra nosso viver
Bom pra mim, bom pra você
Que vemos na poesia
O fim da monotonia
Sem confusão, nem intriga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

 [LG]
Essa hora só parece
Ser menor que uma hora
Pra acabar não demora
É pena que se apresse
Se o programa tivesse
Quatro horas, bom seria
A gente escutaria
Sem ter a menor fadiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Nos sentimos animados
Com os nossos repentistas
São nossos grandes artistas
Somos bem representados
Roberta e os convidados
Também de grande valia
Fazemos nossa folia
Desde a época antiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Roberta ,estou informado,
É sempre gente que brilha
É amiga da sextilha
Do martelo agalopado
Também do mourão voltado
Do coqueiro da Bahia
"Adeus, até outro dia”
Enfim de qualquer cantiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Os vates que aqui desfilam
Mostram todo o seu valor
Trabalhando com amor
Suas mentes não vacilam
Pensamentos que destilam
A grande sabedoria
O poeta é quem cria
Quem for esperto, que siga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Do programa eu ouço até
O fim do itinerário
Seis horas é o horário
Que tomando meu café
Eu escuto cada pé
Dos versos que ela envia
E a chuva de poesia
A casa inteira irriga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Na rádio com a Roberta
Nos oitocentos e vinte
Nosso querido ouvinte
Recebe mensagem certa
Nosso grito é um alerta
Contra a melancolia
O repente é a alegria
Que combate a fadiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Quando Roberta descobre
Um verso, pertinho fica.
Ela trata a rima rica
Como trata a rima pobre
Mesmo que a sílaba sobre
Numa linha, ela não chia
Se faltar, ela aprecia
Pra pé quebrado não liga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Roberta com mansidão
Fala dos versos que encantam
São os versos que espantam
A dor de uma solidão
Sempre com o pé no chão
E muita sabedoria
Declara que a poesia
Nunca ficará antiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Roberta proporciona
À gente, bela viagem
Enche de rima a paisagem
Sempre nos emociona
Um ouvinte telefona
Pede verso, ela envia
Seja um verso de hoje em dia
Ou uma canção antiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Roberta nos diz que Pinto
É o nosso menestrel
Na viola e no cordel
Foi o melhor, eu não minto
Ela sente o que eu sinto
Quando fala poesia
É uma grande energia
Entoada na cantiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Sou amigo do repente
E de Roberta também
O seu programa faz bem
Ao coração da gente
Com pão e com café quente
Quando o programa inicia
Eu escuto poesia
Enquanto encho a barriga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

 KM
É grande a audiência
Para escutar repente
Riquezas da nossa gente
E com muita resistência
Temos nossa competência
Pra fazer com maestria
Toda noite e todo dia
Um trabalho de formiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

LG
Com tanta modalidade
E tantos bons cantadores
Quadros de todas as cores
São pintados à vontade
Sentimos felicidade
Quando o verso principia
Quando finda ele cria
Saudade que nos castiga
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria

KM
Roberta, a sua estrada
Vai seguindo adiante
É muito emocionante
Falar da amiga amada
Não a esqueça por nada
Nem mesmo grande quantia
Toda a sua valentia
O nosso ânimo religa
Roberta é nossa amiga
E amiga da cantoria


sábado, 26 de julho de 2014

Versos em homenagem a Sebastião Barreto

O poeta Sebastião Barreto disse adeus ao som da viola e nos deixou na saudade, em sua homenagem o poeta Luis Gondim escreveu versos em sua homenagem.
No programa de Roberta
Cantou com Guriatã
Do programa era fã
Hoje a rima está deserta
Hoje a saudade aperta
Pois calou seu belo pinho
Chegou ao fim do caminho
A cantiga se enlutou
Tião Barreto calou
Sua voz de passarinho.

Eu lembro a sua cantiga
O seu jeito tão maroto
Cantava igual um garoto
Era gente muito amiga
Quem sua vida investiga
Não o encontra sozinho
Todos tratou com carinho
Pra nós se eternizou
Tião Barreto calou
Sua voz de passarinho.

Era o Tião Barreto
Tinha cantiga de sobra
Era pau pra toda obra
De pau mais forte a espeto
Merecia um soneto
Perto dele eu engatinho
Quem o ouviu de pertinho
Sempre o admirou
Tião Barreto calou
Sua voz de passarinho.

Quando parte um poeta
Pro Reino da Eternidade
Nasce um pé de saudade
Daquela que mais espeta
A rima fica incompleta
Falta “ão” e falta “inho”
Tião cantando mansinho
Muita saudade deixou
Tião Barreto calou
Sua voz de passarinho.

Rute chora sua mágoa
A sua tristeza infinda
E a mágoa mais ainda
À dos ouvintes deságua
De prantear tanta água,
Tanta dor, tanto espinho
Lembrando com mais carinho
Do poeta que cansou
Tião Barreto calou
Sua voz de passarinho.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Obra de arte em homenagem à cantoria de viola

Amaro Poeta, como o nome já diz, poeta, mas também organizador de festivais de cantoria em Paulista/PE. Amante do verso e da viola. Ele fez uma obra muito bela, com barbante e pregos em homenagem ao Voz do Sertão. Compartilho com vocês.


Olha os detalhes:


Lindo, concorda?

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Poesia ritmada na alma – correio poético.

Recebi um email repleto de saudade, de ambos os lados, daqui do outro lado do atlântico(onde estou morando) e de lá, do Recife, do amigo do peito e poeta Luís Gondim.

Depois de uma conversa com o embolador Pinto, o poeta Luís me passou umas informações interessantes sobre esse mestre da rima e do pandeiro.

Matury e Pinto no Programa Voz do Sertão - Rádio Folha FM

Vamos saber dados essenciais dessa figura, que além de embolador, mantém uma barraquinha de café no centro do Recife, ali, perto da Pracinha do Diário, onde inclusive, foi palco de muitos poetas repentistas no passado.

Batizado com o nome de Dorgival Bezerra da Silva, escolhido pela mãe, a professora Gercina Bezerra e pelo pai, o comerciante José Vicente, o poeta Pinto Embolador nasceu em 26 de agosto de 1960 em Gravatá, agreste pernambucano. Partiu para a estrada já em 1974, quando mudou-se para o Recife e passou a morar com sua avó no bairro da Mangueira.

Muitos sucessos que você conhece, por exemplo, com a dupla Caju e Castanha, são da autoria da dupla Pinto e Rouxinol, artistas que permaneceram juntos por 25 anos, hoje Rouxinol migrou para a cantoria de viola, trocando o pandeiro pelo improviso dos cantadores.

Você já ouviu: O Ladrão Besta e o Sabido, O Pobre e o Rico, O Crente e o Cachaceiro, A Mulher Bonita e a Mulher Feia, A Herança da Minha Avó, A Mulher Gorda e a Magra, O Filho do Doutor e A Criança Abandonada? São alguns dos sucessos assinados por Pinto, muitos em parceria com Rouxinol.

São versos de caem na graça do povo porque falam de assuntos engraçados do cotidiano e que carregam a criatividade, talento e humor, inerentes aos nordestinos.

Pinto já esteve em diversos palcos, mostrou em outros países o som da embolada nordestina como em sua viagem para Europa, em especial, na bela capital de Portugal, Lisboa. Já foi atração de inúmeros congressos de improviso e é autor de cordéis e poesias que seguem as métricas exigentes da poesia rimada desses menestréis.

O começo foi nos mercados, ou seja, onde o povo está. O primeiro palco para suas aparições foi o mercado de São José, no centro do Recife. Fez rimas com Beija-Flor, Oliveira, Azulão, Curió, Seriema, Brasa Viva, Lavandeira, Labareda, Pinta Silva, Gogó de Sola, entre outros. Entre os principais incentivadores de seu trabalho, cita os repentistas Cachimbinho e Geraldo Mouzinho, Sabiá e Café Preto.



Hoje seu trabalho é com o embolador Matury, já conta 8 anos de dupla com o poeta, o CD mais recente gravado foi “Só emboladas”, à venda no centro do Recife, no local onde Pinto trabalha. Você pode provar um café quente e gostoso e ainda ter uma prosa com o poeta.

Para colecionadores, escute as raridades da embolada nos dois LPs: "Homenagem a Frei Damião (Polygram), de 1985, com Rouxinol; e "Manchetes do Brasil", de 1994. Vale a pena escutar o CD “Os reis da embolada”, esse trabalho saiu após receber esse mesmo título quando a dupla Pinto e Rouxinol ganhou o primeiro lugar em um Festival de Emboladores no Teatro do Parque, evento que teve o apoio da TIM.


É lamentável a falta de espaço que esses poetas de peso sofrem. Quando foi o último festival de embolada que você foi, leitor? Onde estão as produções culturais para valorizar essa modalidade de poesia, tão particular da nossa música, e tão utilizada por artistas de peso da MPB?

Veja uns improvisos feitos no centro do Recife, no programa Toda Música, veja o vídeo aqui.