Este blog foi criado para divulgação do programa de rádio Voz do Sertão, foi ao pela primeira vez em 2001, permaneceu 10 anos nas ondas do rádio pernambucano. Foi apresentado e produzido pela radialista e jornalista Roberta Clarissa. O programa acabou, mas o blog continua.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Zé Limeira, poeta do absurdo
O livro "Zé Limeira, poeta do absurdo" de Orlando Tejo foi publicado em 1970. Tejo descreve a irreverência de um cantador de viola que conseguia fazer uma estrofe ao avesso. Se Zé Limeira existiu como o livro descreve é outra história. O bom é o divertimento que as estrofes ditas da autoria de Zé Limeira proporcionam. Ele era inventivo. Criou palavras, seguia todas as regras de rima e metrificação e fugia(bem longe) do assunto. Pinto do Monteiro disse certa vez:
"Nesses dias vou fazer
Como o nosso Zé Limeira
Comprar uns óculos escuros
Desses de tolda de feira,
Botar o bicho na cara,
Sair cantando besteira."
Com o saudoso José Vicente da Paraíba recebeu esse belo mote:
"São frios, são glaciais
os ventos da solidão."
Zé Vicente obedecendo o assunto disse:
"Quando se sente saudade
Duma pessoa querida,
Dá-se um vazio na vida
E doi esta soledade...
Ninguém suporta a metade
Da dor do meu coração,
Lembrando o aceno de mão
Do amor que não voltou mais...
São frios, são glaciais,
os ventos da solidão"
Já Zé Limeira com seu surrealismo improvisou:
"Conheço a curva do vento
No calô da maresia
Quando amanheceu o dia
Fui acordá o jumento
O mocotó de São Bento,
Espora, freio e gibão...
Por trás do Monte Simão
Residia Ferrabraz...
São frios, são glaciais,
Os ventos da solidão"
Mergulhando no mundo limeiriano, fiz um convite aos poetas Jeguedé e Luis Gondim para fazerem versos inspirados em Zé Limeira. Semana que vem eles irão recitá-los no programa Voz do Sertão e irei colocar aqui para você conferir.
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roberta, curioso é que Bob Dylan, que aparentemente não tem nada a ver com Zé LImeira, tem várias canções com versos de uma limeirice total, feito estes da música Tombstone Blues, de 1965:
ResponderExcluirWell, John the Baptist after torturing a thief
Looks up at his hero the Commander-in-Chief
Saying, "Tell me great hero, but please make it brief
Is there a hole for me to get sick in?"
ou sejam, grosso modo: "São João Batista, depois de torturar o ladrão/falou assim pro chefe do seu batalhão/Grande herói, me diga, mas sem vagar/sabe de algum buraco onde eu possa vomitar?"
josé teles