sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Poesia ritmada na alma – correio poético.

Recebi um email repleto de saudade, de ambos os lados, daqui do outro lado do atlântico(onde estou morando) e de lá, do Recife, do amigo do peito e poeta Luís Gondim.

Depois de uma conversa com o embolador Pinto, o poeta Luís me passou umas informações interessantes sobre esse mestre da rima e do pandeiro.

Matury e Pinto no Programa Voz do Sertão - Rádio Folha FM

Vamos saber dados essenciais dessa figura, que além de embolador, mantém uma barraquinha de café no centro do Recife, ali, perto da Pracinha do Diário, onde inclusive, foi palco de muitos poetas repentistas no passado.

Batizado com o nome de Dorgival Bezerra da Silva, escolhido pela mãe, a professora Gercina Bezerra e pelo pai, o comerciante José Vicente, o poeta Pinto Embolador nasceu em 26 de agosto de 1960 em Gravatá, agreste pernambucano. Partiu para a estrada já em 1974, quando mudou-se para o Recife e passou a morar com sua avó no bairro da Mangueira.

Muitos sucessos que você conhece, por exemplo, com a dupla Caju e Castanha, são da autoria da dupla Pinto e Rouxinol, artistas que permaneceram juntos por 25 anos, hoje Rouxinol migrou para a cantoria de viola, trocando o pandeiro pelo improviso dos cantadores.

Você já ouviu: O Ladrão Besta e o Sabido, O Pobre e o Rico, O Crente e o Cachaceiro, A Mulher Bonita e a Mulher Feia, A Herança da Minha Avó, A Mulher Gorda e a Magra, O Filho do Doutor e A Criança Abandonada? São alguns dos sucessos assinados por Pinto, muitos em parceria com Rouxinol.

São versos de caem na graça do povo porque falam de assuntos engraçados do cotidiano e que carregam a criatividade, talento e humor, inerentes aos nordestinos.

Pinto já esteve em diversos palcos, mostrou em outros países o som da embolada nordestina como em sua viagem para Europa, em especial, na bela capital de Portugal, Lisboa. Já foi atração de inúmeros congressos de improviso e é autor de cordéis e poesias que seguem as métricas exigentes da poesia rimada desses menestréis.

O começo foi nos mercados, ou seja, onde o povo está. O primeiro palco para suas aparições foi o mercado de São José, no centro do Recife. Fez rimas com Beija-Flor, Oliveira, Azulão, Curió, Seriema, Brasa Viva, Lavandeira, Labareda, Pinta Silva, Gogó de Sola, entre outros. Entre os principais incentivadores de seu trabalho, cita os repentistas Cachimbinho e Geraldo Mouzinho, Sabiá e Café Preto.



Hoje seu trabalho é com o embolador Matury, já conta 8 anos de dupla com o poeta, o CD mais recente gravado foi “Só emboladas”, à venda no centro do Recife, no local onde Pinto trabalha. Você pode provar um café quente e gostoso e ainda ter uma prosa com o poeta.

Para colecionadores, escute as raridades da embolada nos dois LPs: "Homenagem a Frei Damião (Polygram), de 1985, com Rouxinol; e "Manchetes do Brasil", de 1994. Vale a pena escutar o CD “Os reis da embolada”, esse trabalho saiu após receber esse mesmo título quando a dupla Pinto e Rouxinol ganhou o primeiro lugar em um Festival de Emboladores no Teatro do Parque, evento que teve o apoio da TIM.


É lamentável a falta de espaço que esses poetas de peso sofrem. Quando foi o último festival de embolada que você foi, leitor? Onde estão as produções culturais para valorizar essa modalidade de poesia, tão particular da nossa música, e tão utilizada por artistas de peso da MPB?

Veja uns improvisos feitos no centro do Recife, no programa Toda Música, veja o vídeo aqui.